O método
científico é a espinha dorsal ou o esqueleto principal de todas as
investigações científicas que se pretenda fazer de forma séria ou rigorosa.
Trata-se de um conjunto de técnicas e princípios concebidos para que a
investigação científica avance e assim, contribua de forma verdadeira para a
acumulação de conhecimentos. O método científico tem sido progressivamente
desenvolvido, aprimorado e questionado por muitos. Historicamente, desde os
filósofos da Grécia antiga aos cientistas de hoje. Embora existam algumas
variações conceituais e técnicas sobre o método e também haja um certo
desacordo sobre como deve ser utilizado, os passos básicos são fáceis de
entender. Trata-se de procedimentos de valor inestimável, não só para a
investigação científica, mas também para resolver os problemas quotidianos.
Passos
Observe. É a curiosidade que gera novos conhecimentos. O
processo de observação, às vezes chamado de "definir o problema” ou
“explicitar a questão" é simples. Você observa algo que lhe causa
curiosidade. Isso ocorre porque você não pode explicar facilmente com o seu
conhecimento existente, ou se você observar algum fenômeno que é explicado pelo
conhecimento existente, mas que pode ter outra explicação. A questão é, pois,
como você explica esse fenômeno - o que faz com que ele ocorre?. Note que a
pergunta é derivada da observação empírica.
Investigue
o conhecimento existente sobre o problema. Aqui, é importante saber como outros já abordaram ou explicaram a
questão do item anterior. Suponha que você observou que seu carro não pega. Sua
pergunta básica poderia ser: “Ué, por que meu carro não liga agora?. Você
também poderia se perguntar: “O que preciso fazer para o carro dar a partida?
Você pode ter algum conhecimento sobre carros, de forma que você começa a mexer
com ele, para tentar saber o que está acontecendo e perceber algum problema.
Você pode também consultar o manual do proprietário, poderá fazer uma pesquisa
on-line para obter mais informações sobre o problema. Se você fosse um
cientista tentando descobrir algum estranho fenômeno, você pode consultar
revistas científicas, aquela que publicam pesquisas de outros cientistas. Aí,
você já percebeu que há várias qualidades de informações disponíveis: palpites,
dicas e informações técnicas. As informações deverão passar por um crivo, mas é
importante que elas tenham clareza e objetividade para você saber que poderão
ser úteis ao seu problema. Se você for uma pessoa que sempre acha as coisas de
forma fácil, poderá encontrar a sua pergunta, tanto quanto possível, porque a
pergunta pode já ter sido respondida, ou você pode encontrar informações que
irão ajudá-lo a formar a sua hipótese sobre o carro que não dá a partida.
Forme uma
hipótese. Uma
hipótese é uma possível explicação para o fenômeno que está sendo observado. É
mais do que um palpite, porém, porque é baseado em uma profunda revisão do
conhecimento existente sobre o tema. A hipótese deve marcar uma posição de
relação causa-efeito, o que gera uma explicação. Por exemplo, "Meu carro
não pega, porque estou sem gasolina no tanque." Veja que essa hipótese
sugere uma possível causa para o efeito, ou seja, o fato do carro não ligar.
Uma outra hipótse seria: “O carro não liga por causa do motor de arranque”.
Essa nova hipótese é adicional. Independente do número de hipótese, o importane
é que você possa testar, experimentar e também fazer previsões com ela. Em
outras palavras, trata-se de uma hipótese experimental. Você pode colocar
gasolina no seu carro para testar a hipótese de carro "sem gasolina".
Também poderá prever que, se a hipótese estiver correta, o carro dará a
partida, uma vez que você adicionou gasolina no tanque. Veja também que essa
hipótese traz uma varíavel dependente: ligar o carro e outra independente:
nível de gasolina no tanque.
Teste a
hipótese principal. Elabore
uma experiência que irá confirmar ou não a a sua principal hipótese. O
experimento deve ser concebido para tentar isolar o fenômeno e as propostas de
causalidade. Em outras palavras, deve ser "controlada". Voltando à
nossa questão simples carro, podemos testar a nossa hipótese, colocando a
gasolina no carro. No entanto, devemos ter um certo controle e rigor, pois, se
a gente coloca gasolina no carro e mudamos o filtro de combustível ao mesmo
tempo e, após essas duas alterações, o carro funcionar, não podemos saber com
certeza da verdadeira causa do fenômeno observado. Não saberemo se foi a falta
de gasolina ou se o filtro do combustível era o problema. Pode acontecer também
de, depois que abasteceu seu carro, ele ainda não dar a partida. Depois disso,
você solicitou a troca da bomba de combustível e aí, o seu carro voltou a
funcionar corretamente. Assim, poderia ser tanto a falta de combustível como o
filtro, as duas causas impeditivas do fenômeno observado. Para questões mais
complexas, tais como as causas da Aids ou das guerras ainda no século vinte e
hum, podem haver centenas ou milhares de potenciais causas. Assim, pode ser
difícil ou impossível isolar todos num único experimento.
o Mantenha registros impecáveis. Experimentos devem
ser possível de replicações por outros cientistas ou reprodutíveis. Isto é,
outras pessoas devem ser capazes de criar um teste ou experimento da mesma
forma que você fez e obter o mesmo resultado. É importante, portanto, a manter
registros de tudo o que você precisa fazer no seu teste, e é essencial que você
mantenha todos os seus dados. Hoje, existem arquivos e programas de computador
para armazenar os dados brutos, o que facilita bastante o processo de
investigação científica. É muito importante que outros cientistas saibam sobre
sua experiência, daí o relato fiel e detalhado dos passos experimentais. Os
outros pesquisadores também precisam saber como consultar estes arquivos e,
caso o tema seja importante, eles poderão lhe pedir os seus dados para testar
novas hipóteses. Assim, não tenha medo de ser detalhista e minucioso, tal como
Charles Darwin ou Alfred Kinsey. É importante que você seja capaz de fornecer
todos os detalhes.
Analise
os resultados e tire conclusões. O teste
de hipótese é simplesmente uma maneira de coletar os dados que o ajudarão a
confirmar ou a invalidar a sua hipótese. Se o seu carro dá a partida quando
você o abastece, a sua análise é bastante simples - a hipótese foi confirmada.
Nos testes mais complicados, porém, pode não ser fácil descobrir se a sua
primeira hipótese é confirmada. Você abasteceu e seu carro ainda não dá a
partida. Nesse caso, você optou por chamar um mecânico até a sua residência, e
o profissional cobra por hora trabalhada e o deslocamento. Assim, pode ser
necessário, para testar outras hipótese, que você tenha que gastar muito tempo
olhando para os dados iniciais, que elabore novas hipóteses e que gaste
dinheiro para resolver o seu problema. Além disso, se os dados confirmam ou
invalidam a sua hipótese, também será necessário investigar se há outras causas
influenciando o fenômeno observado. Em outras palavras, é importante pesquisar
se não há outras coisas, as chamadas variáveis "ocultas" ou
"exógenas", que podem ter influenciado os resultados. Suponha que seu
carro dá a partida quando você adiciona gasolina. No entanto, em outro dia, o
clima mudou e a temperatura está bem próxima do congelamento da água, ou seja,
quase a zero graus centígrados. Você pode ter certeza de que a ausência da
gasolina seja a única causa do carro não pegar? Veja que você abasteceu e a
agora ele não pega mais. Aí, por conta de outras observaçês e também por causa
da queda da temperatura, seu carro abastecido não pegou novamente. Você também
pode achar que o seu teste é inconclusivo. Talvez o seu carro tenha uma ameaça
de pegar, ou seja, fique ligado durante alguns poucos segundos, quando você
adiciona gás, mas depois morre de novo.
Faça um
relatório das suas conclusões.
Cientistas geralmente relatam os resultados de suas pesquisas em revistas
científicas, em trabalhos acadêmicos, tais como monografias, trabalhos de
conclusão de curos, mestrado, doutorados ou em artigos para conferências. Eles
relatam não apenas os resultados e conclusões, mas também a sua metodologia, ou
seja, os passos que eles tomaram para testar as hipóteses. É também
interessante saber dos pesquisadore quais são os eventuais problemas ou
questões que surgiram durante a sua hipótese testes. Relatando suas hipóteses,
suas bases teóricas e metodológicas, bem como as conclusões, isso será de
grande valia e ajuda para outros pesquisadores e a ciência em geral.
Realize
uma investigação mais aprofundada. Se os
dados não conseguiu confirmar a sua hipótese inicial, é hora de avançar com uma
nova hipótese e testá-la. A boa notícia é que a primeira experiência com o que
você pode ter fornecido informações valiosas para ajudá-lo a formar uma nova
hipótese. Assim, os erros, entre aspas, para a ciência, são uma forte indicação
de que os próximos experimentos serão mais certeiros. Mesmo que uma hipótese
seja confirmada, mais pesquisas são necessárias para garantir que os resultados
são reprodutíveis e que não foi apenas uma única vez coincidência. Sim, na ciência,
temos que eliminar a sorte ou o acaso e é por isso que a estatística é
importante para ela. Uma investigação importante é freqüentemente realizada por
diversos cientistas ou equipe de pesquisadores. No entanto, você também pode
desejar continuar a investigar algum fenómeno por si mesmo e aí, isso será um
trabalho solitário.